Por Dra. Kaliane Araujo
Otorrinolaringologista
O ronco e a apneia do sono são condições que afetam milhões de pessoas em todo o mundo, impactando não apenas a qualidade do sono do indivíduo, mas também a de seus parceiros.
Essas condições estão frequentemente interligadas e podem ter consequências sérias para a saúde, incluindo distúrbios cardiovasculares, alterações metabólicas e interferindo na saúde mental.
Muito prazer! Sou a Dra. Kaliane M. Araujo, com 24 anos de experiência dentro da Medicina, Otorrinolaringologista e comprometida em fazer a diferença nas vidas das pessoas.
Entendo o quanto a dificuldade para dormir ou um sono não reparador podem ter um impacto significativo na saúde física e mental, na qualidade de vida e na produtividade diária das pessoas.
Agende uma consulta e descubra como um sono reparador pode transformar todos os aspectos da sua qualidade de vida.
Quais as estatísticas sobre ronco e apneia do sono no Brasil e em São Paulo ?
Estudos revelam uma prevalência significativa dessas condições na população.Embora os números exatos possam variar, aqui estão algumas informações gerais:
O ronco e a apneia do sono são questões de saúde pública no Brasil, especialmente em grandes cidades como São Paulo.
- Estima-se que cerca de 25% da população adulta brasileira sofra de apneia do sono em algum grau.
- A apneia obstrutiva do sono (AOS) é a forma mais comum. Pesquisas realizadas em São Paulo indicam que a apneia do sono pode afetar até 30% da população adulta, isto está associado fatores como estresse, poluição e estilo de vida.
- Aproximadamente 40% dos homens e 20% das mulheres no Brasil relatam roncar regularmente. Mulheres aumentam a incidência após a menopausa.
A conscientização sobre esses distúrbios é crucial para promover diagnósticos precoces e tratamentos adequados, melhorando assim a qualidade de vida das pessoas afetadas.
SUMÁRIO:
- Quando roncar não é normal?
- O que é Apneia do Sono?
- Quais as causas do Ronco/Apneia do Sono?
- Obesidade e Apneia do Sono: Uma Relação Complexa
- Outros Distúrbios do Sono e Apneia do Sono
- Quais os exames diagnósticos para Distúrbios do sono?
- Quais os tratamentos para Ronco/Apneia do Sono?
- Abordagem Integrativa no tratamento da Apneia do Sono
- Quais as consequências da Apneia do sono?
Quando roncar não é normal?
Se você ronca 4 ou mais vezes na semana, isto não é normal.
O ronco é o som produzido pela vibração dos tecidos da garganta durante a respiração enquanto a pessoa está dormindo. Essa vibração ocorre quando as vias aéreas estão parcialmente obstruídas.
O ronco pode variar de um som suave a um barulho alto e perturbador. Em muitos casos, o ronco é considerado um incômodo, mas também pode ser um sinal de problemas de saúde mais sérios!
O ronco é frequentemente um sinal de apneia do sono, especialmente em casos mais graves, e tende a aumentar com a idade.
A obesidade, que afeta cerca de 20% da população brasileira, é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da apneia do sono, e está associada a um aumento do risco de doenças cardiovasculares, diabetes e problemas de saúde mental, afetando a qualidade de vida de milhões de brasileiros.
Os fatores risco para o ronco incluem:
- Obesidade: O excesso de peso, especialmente na região do pescoço, pode aumentar a pressão sobre as vias aéreas, levando ao ronco.
- Idade: Com o envelhecimento, os músculos da garganta tendem a relaxar mais, aumentando a probabilidade de obstruções.
- Consumo de álcool e sedativos: Essas substâncias relaxam os músculos da garganta, tornando o ronco mais provável.
- Posição de dormir: Dormir de costas pode fazer com que a língua e o palato mole bloqueiem as vias aéreas.
- Histórico familiar: genética
- Alterações craniofaciais: alterações ortognáticas, pescoço curto
- Alterações do trato respiratório superior: desvio de septo, hipertrofia de adenóides e amigdalas
O que é Apneia do Sono?
A apneia do sono é uma condição mais séria que envolve pausas na respiração durante o sono. Essas pausas podem durar de alguns segundos a minutos e podem ocorrer várias vezes por hora.
Existem três tipos principais de apneia do sono:
- Apneia Obstrutiva do Sono (AOS): É a forma mais comum e ocorre quando os músculos da garganta relaxam excessivamente, bloqueando as vias aéreas.
- Apneia Central do Sono: Menos comum, essa forma ocorre quando o cérebro não envia os sinais adequados para os músculos que controlam a respiração.
- Apneia Complexa do Sono: Também conhecida como apneia mista, combina características da apneia obstrutiva e central.
Os sintomas da apneia do sono podem variar, mas incluem:
- Ronco alto: Muitas vezes, o ronco é um sinal de apneia obstrutiva do sono, embora nem todos os que roncam tenham essa condição.
- Pausas na respiração: Observadas por outra pessoa, essas pausas indicam que a respiração está sendo interrompida.
- Despertares frequentes: Acordar várias vezes durante a noite, muitas vezes com sensação de sufocamento ou falta de ar.
- Sonolência diurna excessiva: Sentir-se cansado ou sonolento durante o dia, mesmo após uma noite de sono aparentemente longa.
- Dificuldade de concentração: Problemas de memória e dificuldade em se concentrar são comuns em pessoas com apneia do sono.
- Mudanças de humor: A irritabilidade, a depressão e a ansiedade podem ser exacerbadas pela falta de sono reparador.
Quais as causas do Ronco/Apneia do Sono?
- Obesidade: O excesso de peso pode aumentar a gordura ao redor do pescoço, pressionando as vias aéreas.
- Anatomia facial: Características como um queixo pequeno, língua grande ou amígdalas aumentadas podem contribuir para a obstrução das vias aéreas.
- Idade: O risco de apneia do sono aumenta com a idade, especialmente em homens.
- Histórico familiar: A genética pode desempenhar um papel no desenvolvimento da apneia do sono.
- Consumo de álcool e sedativos: Essas substâncias podem relaxar os músculos da garganta, aumentando o risco de obstrução.
Obesidade e Apneia do Sono: Uma Relação Complexa
A obesidade é uma condição caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, geralmente definida pelo Índice de Massa Corporal (IMC). Um IMC de 30 ou mais é considerado obesidade.
Essa condição está associada a uma série de problemas de saúde, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão e distúrbios metabólicos.
Além disso, a obesidade pode impactar a qualidade de vida, levando a problemas emocionais, como depressão e ansiedade.
A Relação Entre Obesidade e Apneia do Sono
A relação entre obesidade e apneia do sono é complexa e bidirecional:
- Obesidade como Fator de Risco: O excesso de peso, especialmente na região do pescoço, pode aumentar a pressão sobre as vias aéreas, levando a um maior risco de apneia do sono. O tecido adiposo em excesso pode obstruir as vias aéreas, dificultando a respiração durante o sono. Estudos mostram que a prevalência de apneia do sono é significativamente maior em indivíduos obesos em comparação com aqueles com peso normal.
- Apneia do Sono e Ganho de Peso: Por outro lado, a apneia do sono pode contribuir para o ganho de peso e a obesidade. A interrupção do sono causada pela apneia pode levar a alterações hormonais que aumentam a fome e diminuem a saciedade. Além disso, a sonolência diurna resultante pode reduzir a motivação para a atividade física, contribuindo ainda mais para o ganho de peso.
- Inflamação e Metabolismo: Tanto a obesidade quanto a apneia do sono estão associadas a processos inflamatórios e alterações metabólicas. A inflamação crônica pode afetar a sensibilidade à insulina e aumentar o risco de diabetes tipo 2, criando um ciclo vicioso que agrava ambas as condições.
Bem vindo ao cuidado que você merece !A Dra. Kaliane atua na Obesidade como tratamento para os distúrbios do sono.
Outros Distúrbios do Sono e Apneia do Sono
Os distúrbios do sono podem ser classificados em várias categorias, incluindo insônia, sonolência excessiva diurna, distúrbios do ritmo circadiano, parassonias e apneia do sono.
Cada um desses distúrbios tem suas próprias características e causas, mas todos podem levar a consequências adversas para a saúde.
- Insônia: É a dificuldade em iniciar ou manter o sono, resultando em um sono não reparador. Pode ser causada por estresse, ansiedade, depressão, dor crônica ou consumo excessivo de cafeína e álcool.
- Hipersonia: Refere-se a um sono excessivo durante o dia, que pode ser causado por condições como narcolepsia e apneia do sono. Os indivíduos afetados podem sentir uma necessidade incontrolável de dormir durante o dia.
- Distúrbios do Ritmo Circadiano: Esses distúrbios ocorrem quando o ciclo natural de sono e vigília do corpo é interrompido. Exemplos incluem o jet lag e o trabalho em turnos, que podem causar desregulação do relógio biológico.
- Parassonias: São comportamentos anormais durante o sono, como sonambulismo, terrores noturnos e fala durante o sono. Esses episódios podem ser perturbadores tanto para o indivíduo quanto para os parceiros de sono.
Quais os exames diagnósticos para Distúrbios do sono?
O diagnóstico do ronco e da apneia do sono geralmente envolve uma combinação de avaliação clínica e exames específicos. Os principais métodos de diagnóstico incluem:
- História Clínica: O médico realizará uma entrevista detalhada, perguntando sobre os hábitos de sono, histórico médico, uso de álcool, medicamentos e presença de sintomas.
- Exame Físico e de imagem: O exame físico pode incluir a avaliação das vias aéreas superiores, do peso e da circunferência do pescoço. O médico pode observar a presença de desvio de septo, rinite, hipertrofia das amígdalas ou adenoides, que podem contribuir para o ronco e a apneia.
- Exames de sangue: avaliação metabólica e estudo para o manejo da perda ponderal
- Polissonografia: Este é o exame padrão-ouro para diagnosticar a apneia do sono.
Tipos de Polissonografias:
- Polissonografia Tipo 1 : paciente dorme no laboratório do sono com supervisão técnica constante.Ocorre monitorização de várias funções corporais durante a noite, incluindo: Atividade cerebral (EEG),Níveis de oxigênio no sangue, Frequência cardíaca, Movimentos oculares, movimentos de pernas,Fluxo de ar e esforço respiratório e Padrões de ronco. (capta no mínimo 7 canais)
- Polissonografia Tipo 2 : realizada em casa, sem supervisão de um técnico (capta no mínimo 7 canais)
- Polissonografia Tipo 3: rastreio de apnéia. Realizada em casa ,sem a observação de um técnico.Pode ser montada pelo paciente (capta 4 canais)
- Polissonografia Tipo 4 : actigrafia, realizada em casa ( capta 4 canais)
- Polissonografia com titulação de CPAP: paciente dorme no laboratório de sono com as mesmas monitorizações da polissonografia tipo 1 e o aparelho de CPAP (aparelho de pressão positiva) para titulação de uso do mesmo e tratamento da Apnéia do Sono.
Quais os tratamentos para Ronco/Apneia do Sono?
O tratamento do ronco e da apneia do sono depende da gravidade da condição e da causa subjacente. As opções de tratamento incluem:
1- Mudanças no Estilo de Vida:
Para muitos pacientes, mudanças simples podem ter um impacto significativo. Isso pode incluir:
- Perda de peso: A redução do peso corporal pode diminuir a pressão sobre as vias aéreas e, consequentemente, reduzir o ronco e a apneia. A FDA , nos EUA, aprovou recentemente o medicamento Tirzepatide como tratamento inovador para perda de peso e impactando positivamente na Apnéia do Sono.
- Evitar álcool e sedativos: Reduzir ou eliminar o consumo dessas substâncias pode ajudar a manter os músculos da garganta mais tonificados.
- Mudança de posição ao dormir: Dormir de lado em vez de de costas pode ajudar a evitar o bloqueio das vias aéreas.
Nesta fase de tratamento, as medidas conservadoras como perda ponderal, atividade física, higiene do sono e modificações do estilo de vida devem ser consideradas para todos os pacientes, independente do grau de ronco ou apnéia.
2- Dispositivos Orais:
Em casos de apneia obstrutiva do sono leve a moderada, dispositivos orais personalizados podem ser utilizados. Esses dispositivos ajudam a manter a mandíbula e a língua em uma posição que mantém as vias aéreas abertas.
3-CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas):
Pode ser indicado para ronco e todos os graus de apneia quando existe falha das terapias anteriores ou contraindicação para uma cirurgia.
Mais utilizado para casos mais graves, onde existe um aumento significativo dos riscos metabólicos e cardiovasculares.
Este dispositivo fornece um fluxo contínuo de ar que mantém as vias aéreas abertas durante o sono. O uso do CPAP pode melhorar significativamente a qualidade do sono e reduzir os riscos associados à apneia.
4-Intervenções Cirúrgicas:
- Uvulopalatofaringoplastia (UPPP):Esta cirurgia remove o excesso de tecido da parte de trás da garganta, incluindo a úvula e parte do palato mole.Geralmente indicada para pacientes com apneia obstrutiva do sono moderada a severa, especialmente quando há obstrução nas vias aéreas superiores. Associa-se a retirada das amigdalas, principalmente em adultos que tenham hipertrofia amigdaliana.
- Septoplastia: Corrige um septo nasal desviado, que pode contribuir para a obstrução. Indicadas quando a obstrução nasal é um fator contribuinte.
- Cirurgia de redução de volume das amígdalas e adenoides: Especialmente em crianças, a remoção dessas estruturas pode aliviar a apneia do sono.
- Faringoplastia lateral: A faringoplastia lateral envolve a remoção ou reconfiguração de tecidos na parte lateral da faringe para aumentar a abertura das vias aéreas.
- Cirurgia de redução de volume da base da língua: Esta cirurgia tem como objetivo reduzir o tamanho da língua ou reposicionar a base da língua para abrir as vias aéreas.
- Radiofrequência em palato mole: o objetivo é causar uma fibrose com enrijecimento do palato mole, não se aplica a todos os casos e necessita de mais estudos científicos comprovando eficácia a longo prazo.
- Implantes palatais: Em estudos, são dispositivos sintéticos implantados no palato mole com o objetivo de causar diminuição da vibração desta região.
A escolha da cirurgia depende de vários fatores, incluindo a gravidade da apneia do sono, a anatomia das vias aéreas do paciente e a presença de outras condições de saúde.
É fundamental que o paciente tenha uma avaliação detalhada com um otorrinolaringologista para determinar a melhor abordagem. Além disso, todas as opções cirúrgicas devem ser discutidas em conjunto com as alternativas não cirúrgicas, que muitas vezes podem ser eficazes.
Dra. Kaliane M Araujo é formada há mais de 23 anos, tem ampla experiência na área cirúrgica da Otorrinolaringologia com mais de 10 mil pacientes operados.
Abordagem Integrativa no tratamento da Apneia do Sono
A abordagem integrativa se concentra em tratar o paciente como um todo, levando em consideração aspectos físicos, emocionais e sociais da saúde.O que é extremamente benéfico para os pacientes com apneia do sono, uma vez que a condição pode ser influenciada por fatores como estresse, estilo de vida e saúde mental.
Aqui estão algumas práticas integrativas que podem ser úteis no manejo da apneia do sono:
- Terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode ajudar os pacientes a lidarem com a ansiedade e a sonolência diurna. Técnicas de relaxamento e mindfulness também podem ser eficazes para reduzir o estresse e melhorar a qualidade do sono.
- Acupuntura: Estudos sugerem que a acupuntura pode ajudar a melhorar a qualidade do sono e reduzir a gravidade da apneia do sono. Essa prática milenar da medicina chinesa pode ajudar a equilibrar o corpo, promovendo relaxamento e aliviando tensões.
- Fitoterapia: Algumas ervas, como a valeriana e a camomila, são conhecidas por suas propriedades sedativas e podem ser utilizadas para ajudar a induzir o sono e melhorar a qualidade do descanso. No entanto, é importante consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer tratamento à base de plantas.
- Mudanças no Estilo de Vida: A medicina integrativa enfatiza a importância de um estilo de vida saudável. A perda de peso, a prática regular de exercícios e uma dieta equilibrada podem ter um impacto significativo na gravidade da apneia do sono. Técnicas de respiração e exercícios de fortalecimento dos músculos da garganta também podem ser benéficos.
- Terapias de Relaxamento: Práticas como yoga, meditação e tai chi podem ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade, promovendo um sono mais reparador. Essas atividades não apenas melhoram a saúde mental, mas também podem contribuir para um sono de melhor qualidade.
- Educação e Conscientização: A medicina integrativa também se concentra na educação do paciente. Entender a apneia do sono e suas implicações pode ajudar os pacientes a se tornarem mais proativos em seu tratamento e a fazerem escolhas de vida mais saudáveis.
Quais as consequências da Apneia do sono?
A apneia do sono não tratada pode levar a uma série de complicações graves, incluindo:
- Doenças cardiovasculares: O aumento da pressão arterial e o risco de doenças cardíacas estão associados à apneia do sono.
- Diabetes tipo 2: A resistência à insulina pode ser exacerbada pela apneia do sono.
- Acidente vascular cerebral (AVC): O risco de AVC aumenta em pessoas com apneia do sono.
- Problemas de saúde mental: A apneia do sono pode contribuir para a depressão e a ansiedade.
- Acidentes: A sonolência diurna aumentada pode resultar em acidentes de trânsito e lesões no trabalho.
- Obesidade: A interrupção do sono causada pela apneia pode levar a alterações hormonais que aumentam a fome e diminuem a saciedade.
Ronco e apneia do sono são condições que não devem ser ignoradas, pois podem ter consequências graves para a saúde. A conscientização sobre essas condições é o primeiro passo para um tratamento eficaz.
Com as intervenções corretas, muitos pacientes conseguem não apenas reduzir ou eliminar o ronco e a apneia do sono , mas também melhorar a qualidade do sono e a saúde geral. O sono é uma parte fundamental do bem-estar, e cuidar dele é essencial para uma vida saudável e produtiva.
A Dra. Kaliane irá te ajudar a compreender os sintomas, as causas e as opções de tratamento. Se você ou alguém que você conhece apresenta sinais de apneia do sono, é importante buscar a orientação de um otorrinolaringologista.O diagnóstico precoce e o tratamento eficaz podem fazer uma grande diferença na saúde e no bem-estar geral.